terça-feira, 2 de março de 2010

CIDADE TRISTE

 

A cidade não pára. Seu movimento é constante. Há tantas misérias e fortunas, veladas e explícitas, dispersadas em cada canto. O caos beija a harmonia constantemente, em uma relação de amor e ódio. Tantos mundos paralelos, tantas diferenças adversas a simplicidade e leveza da alma. O complexo é mais simples. Ser simples é ser complexo. O despotismo nas mãos de uma gente canalha que fustiga cruelmente vidas românticas é atemporal. Parece que foi, é e será sempre assim. A beleza do feio apenas respira. A fealdade da beleza impera como bússola para essa gente tão cafona. Estar na moda é a coisa mais demodê que existe. Há cérebros cheios de veias e outros de vidas. Há corpos anatomicamente perfeitos escondendo corações vazios. Viagens que são feitas sem passaporte, cheias de azar e sorte. Esperanças cobertas de cinzas e sorrisos quimicamente viciosos. Estrelas esquecidas. Lua triste. Melancolia extensa misturada com curtas alegrias. Passos rápidos para a morte. A calma só chega no final. Muros pichados com resíduos fisiológicos da utopia humana. Dentro daquele crânio, há uma grande e contraditória metrópole.


Um comentário:

Fabiano Rocha disse...

Fantástico Dirceu! Intenso, profundo, visceral...