domingo, 3 de abril de 2011

Jair Bolsonaro, perfil de um ditador


Espero que um dia a homofobia cause tanta indignação como o racismo no Brasil. E seria ingenuidade ou até mesmo ignorância acreditar que as diferenças étnicas vivem em plena harmonia na sociedade mais miscigenada do planeta. Discriminar alguém pela sua cor de pele só passou a ser politicamente incorreto quando isso tornou-se um crime. Isso não significa que esse comportamento deixou de existir. Enquanto a desigualdade de oportunidades existir entre brancos e negros, não podemos considerar esse problema erradicado. Ainda há um longo caminho pela frente. E que por mais longo que seja, é bem menor que o percurso que as pessoas homossexuais tem de caminhar para conseguir o real respeito à sua cidadania. 

Há muito tempo, Jair Bolsonaro me produz muita indignação. Mas, parafraseando o grande Marthin Luther King, “o que me preocupa não é o barulho dos ruins e sim o silêncio dos bons”, vejo com consternação a normalidade que é colocar no patamar inferior, o coletivo LGBT. Qualquer pessoa pode humilhar e diminuir os gays publicamente sem nenhuma punição. O deputado do Partido Progressista (não consigo entender realmente o conceito que essa gente tem de progresso), ao longo de sua vida militar e política, sempre teceu ofensas e comentários pejorativos às pessoas que não se encaixam ao seu padrão arcaico e encerrado. Machista, homofóbico, racista, enfim, uma pessoa que por muitas virtudes que poderia ter, não merece nenhum tipo de respeito. Mas infelizmente existe um número expressivo de pessoas que se identificam com ele. Foi eleito vereador na cidade do Rio de Janeiro em 1988, dois anos depois deputado federal e continua exercendo esse cargo há mais de 20 anos.
A primeira vez que ouvi falar desse sujeito foi em 2003, quando ele empurrou e chamou de vagabunda a atual Ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT), na época, deputada federal eleita pelo Estado do Rio Grande do Sul, no Congresso Nacional, diante das câmeras. O incidente repercutiu no país inteiro, mas não houve nenhuma penalização por esse comportamento. 


Mulheres, índios, gays, negros e todas as pessoas com ideologia esquerdista  sempre foram alvos do homem que defende abertamente a Ditadura Militar no Brasil. Mas parece que a ideia de que os homossexuais possam conquistar os seus direitos correspondentes como todos cidadãos, tira o sono do deputado que parece viver uma eterna prisão de ventre.
Poderia especular sobre a perseguição dele aos homossexuais, baseado nas teorias de Freud, mas nunca quis me aprofundar sobre isso. Os complexos que ele esconde dentro de sua mente retrógrada não me interessam. O que importa mesmo é que a sociedade brasileira que pretende avançar nos direitos humanos faça a sua parte. É inadmissível ter uma pessoa que está para servir à população, ataque as minorias, ignorando completamente que uma nação é construída por uma diversidade de pessoas e que todas elas, independente da religião, gênero, sexualidade, classe social e idade, merecem igualmente serem respeitadas.
No ano passado, numa tentativa desonesta, o homem que carece de valores básicos humanos, conseguiu levar à imprensa a ideia derturpada do projeto do kit educacional anti-homofobia e pró-diversidade, taxando-o de forma pejorativa como “kit gay”.  A ignorância e o deputado são sinônimos. Está mais do que demonstrado que não se pode fazer apologia à nenhuma condição sexual, porque se assim fosse, não existiria a comunidade GLBT. É impossível fomentar orientação sexual, cada um tem a sua. Não é uma questão de educação, como acredita esse deplorável ser.  O deputado acéfalo defendeu a violência como forma corretiva. Aconselhou a todos os pais de homossexuais a agredirem fisicamente os filhos para os “endireitarem”.  Mais triste que ver esse homem vomitando palavras incoerentes foi ler nas notícias, semanas depois, que um pai matara seu próprio filho, no interior paulista, pelo rapaz assumir sua condição sexual.  E é mais lamentável ver a passividade das pessoas que são contrárias à suas ideias.

Foi necessário ele ter expressado sua opinião racista à uma pessoa famosa para que ganhasse o repúdio de muita gente. Infelizmente a homofobia no Brasil não é considerada um crime como é o preconceito racial. Se assim fosse, esse homem estaria preso, merecidamente. A sexualidade humana não pode ser fomentada, é algo inerente a cada indíviduo. É própria. Agora o respeito sim, pode e deve ser inserido no código de ética de todo mundo.
Respeito opiniões que divergem das minhas desde quando as mesmas não contribuam para o preconceito. A discriminação não é um mero fato de opinar, é uma violência. 
Eu assinei uma petição pública para que o dito cujo seja penalizado pelo seu comportamento.  Qualquer pessoa que se sinta ofendida ou solidária aos ofendidos, deixo o endereço para que possam firmar e divulgar. 

http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N8333

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