quarta-feira, 25 de julho de 2012

Há uma Nina em muitos de nós

O sentimento de desejo de vingança faz parte do patrimônio da humanidade e não reconhecê-lo é negar a própria existência. Até para os mais altruístas, ele existe. Podemos percebê-lo sem maiores dificuldades observando as pessoas que estão a nossa volta. Dificilmente encontramos alguém que não esteja de acordo em "dar o troco com a mesma moeda". É o exercício do mal de maneira justificada, o respaldo para expor o lado mais ruim de cada um sem culpa ou receio de ser criticado.
A prática de retribuir o mal depende da conduta moral de cada um, mas apesar disso, mesmo que o indíviduo não leve a cabo essa prática e até entenda que não vale realmente a pena, ele é capaz de sentir prazer em ver a inversão de papéis entre vítima e vilão, seja na vida real ou na ficção. Alexandre Dumas conseguiu expressar de maneira singular o lado ruim do personagem Edmond Dantés, no livro "O Conde de Monte Cristo". A transformação do bom marinheiro em um ser frio e vingativo, embora seja perceptível a sua contenda interior em agir contrário ao princípio que domina a sua essência.
Seja na televisão, cinema, literatura ou até mesmo na música, vingar-se do verdugo sempre garantiu aceitação por parte do público. Replicar as maldades não é condenável e garante aplausos por muitos de nós. É o reflexo do que gostaríamos de fazer com os que nos machucaram de alguma forma. E se por algum pudor moral ou religioso alguém não seja capaz ou até mesmo não se sinta atraído em revidar diretamente, sempre fica a ânsia ou esperança de que a própria vida se encarregue de fazê-lo.
Mesmo sem acompanhar as telenovelas brasileiras, é impossível não saber delas quando acesso as notícias do Brasil ou passeio pelas redes sociais. "Avenida Brasil", trama de João Emanuel Carnero, pelo visto, tem a vingança como tema principal. E devido as manifestações efusivas sobre essa novela, vejo que o "prato" esquentou nos últimos dias. A hora da troca de posições, onde a mocinha finalmente mostra as unhas e arranha com força a que fora até então, a megera. E na percepção do público, embora o papel se inverta, o conceito sobre ambas continuará sendo praticamente o mesmo.
No ano passado, a rede de tevisão norte-americana ABC apresentou aos telespectadores a série "Revenge" (Vingança), baseada na obra de Dumas. Foi uma das maiores audiências da emissora em 2011. 
Quando a reciprocidade do mal acontece, o primeiro em apanhar tem pleno direito de bater e quanto mais forte, melhor. E quando chega a hora, o regozijo é geral.
Particularmente acho um desperdício de energia viver em função de qualquer ato que não seja construtivo e positivo. A vida é maravilhosa e curta. É melhor estar em paz consigo mesmo e olhar sempre para frente.
Nesse momento vem a frase do sábio Gandhi na minha cabeça: "Olho por olho e o mundo acabará cego!".

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