sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O arqueiro e a lua



"Um arqueiro quis caçar a lua.
Noite trás noite, sem descansar, lançou suas flechas ao astro. 
Os vizinhos zombavam dele.
Imutável, seguiu lançando as suas flechas.
Nunca caçou a lua, mas se tornou o melhor arqueiro do mundo." 
(Alejandro Jodorowsky)



Quando desejamos algo, não devemos nos preocupar com as críticas destrutivas, principalmente de pessoas ainda pobres de espírito. Há muitas coisas que são impossíveis conseguir, mas o caminho até elas nos permite continuar vivendo. Então qual o sentido da vida? Depende de cada um. Não há uma cartilha que nos ensina a viver, pois se cada ser somos únicos, nem sempre o que é bom para um é obrigatoriamente para o outro.
Se conseguíssemos destruir metade do nosso ego, provavelmente seríamos mais felizes. Não trataríamos nossos sentimentos como se fossem mercadorias. O amor, por exemplo, não pode ser moeda de troca. Se eu te amo porque você me ama e deixo de te amar, porque você não me ama mais, esse sentimento pode ser qualquer coisa, menos amor. O amor é o sentimento que quanto mais doamos, mais recebemos. Nem sempre vem de onde desejamos... e aí está a questão: não podemos esperá-lo. Mas é importante sermos gratos a tudo que recebemos. Mas a gratidão não é algo que se ensina... apenas se sente, assim como o amor real. Por isso é bom abrir bem o coração.

         Não importa o que você faça, mas seja o melhor


Quando ainda era adolescente, escutava uma frase repetida por muitas pessoas, orgulhosas de si mesmas, convencidas de que o que diziam era o correto. Para mim é um manual de instrução odioso e que é seguido por muita gente. "Não importa o que você faça, mas seja o melhor!"
Esse pensamento no meu ponto de vista é bastante equivocado. Não considero um estímulo positivo. Gera competição, inveja...
Trabalhei durante anos em lojas no Brasil. Era vendedor e o meu salário dependia muito das vendas que eu fazia. Lembro que no último emprego a comissão era de 4% do que se vendia no mês. Mas existia um incentivo. O vendedor que ficasse em primeiro lugar, ganhava 7%. Os que ficavam entre o 2º e 6º lugar, ganhavam 6%; do 11º ao 7º, 5% e aos demais, quatro por cento. Era uma loucura. Uma guerra. Éramos tantos e os conflitos e desentendimentos entre os meus colegas era constante. Não éramos pessoas. Nos tratávamos mutuamente por números. Nos víamos como concorrentes e não como colegas. Para muitos não era difícil tentar enganar os clientes.
Via nos meus companheiros de trabalho o sofrimento que sentiam... os olhos arregalados nas grandes vendas dos demais. Quando algum cliente fazia uma super compra e o pagamento era feito através de crediário, assistia a triste torcida dos outros vendedores para que o crédito não fosse aprovado.
Felizmente eu nunca fui para casa preocupado com a venda dos demais. Não considero que por isso eu fosse melhor pessoa que os outros e tampouco um péssimo profissional por não me preocupar com a minha colocação na lista. Apenas me sentia livre. Saia da loja e vivia  a minha juventude. Desfrutava das coisas simples que a vida oferecia naqueles anos. Muitos não dormiam direito.
O mundo é realmente uma selva. Muita gente diz isso. Mas não são capazes de perceberem o quanto são selvagens. Dificilmente conseguimos enxergar em nós o que consideramos defeitos nos outros.
Nunca me preocupei em ser o melhor e nem tenho essa pretensão. E por isso tenho muito mais liberdade que você que está preocupado em ser o melhor no que faz. Tenho certeza de que todos que habitamos esse planeta somos bons em muitas coisas. Cada um tem alguma habilidade especial. A vida é tão curta para perdemos um segundo em tentar ser melhor que alguém. Faça realmente o que você gosta e com certeza será muito feliz. Encontre prazer no seu ofício e provavelmente será especialmente bom nisso. Não importa o que os outros pensem ou esperem de você. O arqueiro não alcançou a lua, mas conseguiu ser muito bom em lançar flechas... e não competia com ninguém!

 

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