sexta-feira, 15 de março de 2013

Devaneio existencial

Existem períodos em que questionamos a nossa própria existência. Esse tempo em que parecemos estar suspensos no ar e que não encaixamos em nenhum lugar.
Nada nos agrada realmente e tudo perde a graça gradativamente. Como seres sociais que somos, existe uma necessidade quase que intríseca a condição humana que é de estar em comunicação com o outro, de qualquer forma. Mas em etapas como essa, chegamos preferir a solidão que a companhia que julga e faz cobrança. Porque na verdade não nos importamos realmente com o julgamento e não faremos caso a nenhuma reivindicação. Não dá para saber exatamente onde começa e termina o egoísmo de cada parte.
Observo com pesar a imposição dos fanáticos aos outros. Olho com alegria a posição do que defende seus ideiais sem atacar o adversário, mesmo quando o ataque parece ser a única forma de defesa.
Vejo essas milhares de programações vindas de fontes controladas por grupos diversos, desde religiosos a políticos, cujo objetivo é escravizar o número máximo de pessoas para que possam viver confortavelmente em seus próprios mundos. É visível a necessidade de abocanhar números, ignora-se totalmente a essência humana do indíviduo.
Tento realmente sair dessa engrenagem maluca e injusta que cega todo mundo. Como continuo cego, meu deus!
Estamos sempre vendo no próximo a possibilidade de ampliar nossa sensação de bem estar. Não se discute que o valor da amizade só existe se o sujeito está ali presente como servo fiel.
"É na hora do aperto que vemos quem são nossos amigos!" _ é uma das mentiras criadas e repetidas mais desestabilizadoras para as relações humanas. A bondade casual do desconhecido não seria a expressão natural do próprio ser humano? Não somos todos irmãos? Porque a exigência exclusiva da assistência do outro, que apesar das nossas misérias, segue sendo pessoa e tendo também, por que não, coincidentemente, os seus próprios problemas?
Estamos tão programados a sermos exclusivos que o nosso ego chega a ser quase tão grande quanto o universo. Como princípio básico da evolução humana, ele é imprescindível à sua medida. Mas está tudo desenhado para que esse egocentrismo seja cada vez maior. Todos os problemas que ocorrem no mundo estão relacionados com o ego. Maldita necessidade da aprovação alheia.
Outro dia conversando com um amigo que ficou viúvo há pouco tempo, perguntei como estava o filho dele. Ele me respondeu que estava bem. "Já sabe, criança vai vivendo da novidade de cada dia!" Interpretei isso como a filosofia que tenho da vida e que tento colocá-la em prática: viver exclusivamente o presente, porque é o único que temos realmente.
Crescemos e perdemos essa essência primitiva que é de ser e sentir. Até a religião que deveria ter o papel de aproximar o homem com a espiritualidade, contraria esse preceito na prática. Ter é o que importa para respaldar a nossa existência. A prosperidade espiritual está erroneamente associada com a material.
Até o amor queremos ter e não deixamos simplesmente ele acontecer...


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